O que aconteceu com os 75 mil judeus deportados de França?
por Carl O. Nordling
De acordo com o relatório redigido por Richard Korherr, em março de 1943
(Documento NMT, NO 5193-5196), a população judaica em França, em 1937, era de,
pelo menos, 280.000 judeus. Na primeira fase da 2a Guerra Mundial, judeus de outros
países, especialmente da Polónia e da Bélgica, refugiaram-se em França. A ata da
Cimeira de Wannsee indica o número total de judeus em França, em 1942:
aproximadamente 865.000, número provavelmente muito exagerado. A maior parte dos
judeus com cidadania francesa, já nascidos em França, não foi perseguida, mas cerca
de 75.000 judeus, na sua maioria estrangeiros, foram deportados a partir de Março de
1942. Alguns destes deportados foram registados em Auschwitz, outros não. Além
deste registo, quase nada se sabe sobre o seu destino. A ideia comummente aceite é a
de que 97% deles foram assassinados, tendo morrido em câmaras de gás. O artigo a
seguir analisa a legitimidade desta última afirmação. Este artigo baseia-se apenas em
fontes geralmente reconhecidas e consideradas legítimas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 75 mil judeus, de várias nacionalidades,
foram deportados de França pelos alemães. A sua identificação, e respetivas datas de
nascimento, são conhecidas e foram publicadas num livro publicado por Serge Klarsfeld.[1]
Este livro indica o número de sobreviventes conhecidos em cerca de 2.566, que é o número
determinado pelo Ministério dos Veteranos de Guerra, baseado no número de deportados
sobreviventes, em França, em 1945. No entanto, Serge Klarsfeld acredita que:
“por exemplo, judeus polacos ou judeus apátridas que viviam na Bélgica, e mais tarde
deportados de França, onde procuraram refúgio, não se terão apresentado às
autoridades francesas, após a libertação.”
Apesar disso, Serge Klarsfeld estima que o número total de sobreviventes, em 1945, não
excedeu os 2.600. Relativamente a cada comboio que saiu de França, o livro de Klarsfeld
fornece o número de judeus deportados que foram registados em Auschwitz à chegada. Os
demais, segundo o mesmo autor, são contabilizados como tendo sido assassinados nas
câmaras de gás de Auschwitz. Ver quadro com título “Número de gaseados na chegada ao
destino” (Tabela III).
Neste artigo analisaremos como foi relacionada a percentagem de sobrevivência dos judeus
deportados com a ausência de registos, assim como, com a nacionalidade dos respectivos
deportados. No entanto, parece ser mais lógico considerar estabelecer uma relação de
causalidade entre as deportações com o curso do esforço de guerra alemão e com a
política de trabalho forçado imposto na Alemanha.
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